Segundo o relatório anual do grupo Gay da Bahia 329 LGBT+ foram as vítimas de morte violenta no Brasil em 2019.
297 homicídios (90,3%) e 32 suicídios (9,8%).
Como se repete desde que o Grupo Gay da Bahia iniciou tal pesquisa, em 1980, em termos absolutos predominaram as mortes de 174 Gays (52,8%), seguidos de 118 Travestis e Transexuais (35,8%), 32 Lésbicas (9,7%) e 5 bissexuais (1,5%).
Em termos relativos, as pessoas trans representam a categoria sexológica mais vulnerável a mortes violentas. Esse total de 118 mortes, se referidas a 1 milhão de travestis e transexuais que se estima existir em nosso país, sinalizam que o risco de uma pessoa trans ser assassinada é aproximadamente 17 vezes maior do que um gay. Já que o IBGE não inclui no censo nacional o segmento LGBT, malgrado insistente demanda do movimento social organizado (VITA, 2020), estima-se, com base em indicadores diversos produzidos pela Academia e instâncias governamentais, que existam no Brasil por volta de 20 milhões de gays (10% da população), 12 milhões de lésbicas (6%) e 1 milhão de trans (0,5%). “Quem discordar, que comprove o contrário”, costumam retrucar as lideranças LGBT…
Quanto à faixa etária das vítimas, nos extremos foram computados 5,8% menores de 20 anos e 3,9% idosos com mais de 60, representando 90,7% os LGBT+ mortos na flor da idade, entre 20-50 anos, a mais jovem, com 14 anos, uma lésbica estudante encontrada morta com sinais de tortura numa praia de Paulista, (PE) e o mais velho, um aposentado de 69 anos, morto a facadas e tiros em Madaguaçu (PR).
Quanto à cor, apesar de se tratar de variável bastante descuidada nas matérias jornalísticas, encontramos praticamente a mesma distribuição racial entre as vítimas, 50,2% de negros (pardos e pretos) para 49,7% de brancos.
Foram identificadas 60 profissões-ocupações entre os LGBT+ vítimas de morte violenta, salientando-se as profissionais do sexo (11,5%), professores (7,3%), estudantes e cabeleireiros (5,1% respectivamente). Predominam profissionais do setor terciário e prestação de serviços, incluindo 7 pais de santo, empresários e servidores públicos.
Relativamente à causa mortis dos LGBT+, 29,4% foram assassinados a facadas, 21,8% com arma de fogo, incluindo estrangulamento e espancamento muitas vezes precedidos de tortura e agravados com a carbonização do corpo.
1/3 das mortes violentas de LGBT+, sobretudo de gays e lésbicas, ocorreram no interior da residência vítima, enquanto as trans, especialmente as profissionais do sexo, foram executadas na “pista”, no centro urbano, mas também em estradas e locais ermos.
Suicídios de LGBT têm sido computados nas pesquisas sobre mortes violentas na medida em que em muitos casos a vítima era egodistônica, vivendo no armário e sofrendo algum tipo de LGBTfobia internalizada devido ao bullying provocado por sua orientação sexual ou identidade de gênero reprimidas pela família e grupos relacionais. Quanto ao suicídio de LGBT no Brasil em 2019, dos 32 casos localizados nos meios de comunicação, 40,6% eram trans, 37,5% gays e 21,8% lésbicas. 26,3% dos suicidas tinham menos de 20 anos, o mais jovem com 14 anos e com 44 o mais velho. Predominaram suicidas estudantes e o enforcamento como solução final para a morte provocada.
Quanto ao perfil regional das mortes violentas de LGBT+, registrou-se uma mudança imprevisível do padrão observado nos últimos anos: o Norte e Centro Oeste deixaram de liderar essa lista macabra, voltando o Nordeste (35,5%)a ser a região mais homotransfóbica do país e pela primeira vez o Sudeste (29,7%)ocupando o segundo lugar. O Sul e Centro Oeste foram as regiões com menor índice de letalidade anti-LGBT, repetindo a tendência dos anos anteriores.
Registraram-se mortes violentas de LGBT+ em todos os 26 estados e no Distrito Federal, distribuídos em 200 municípios, 32 localidades a menos em relação a 2018.
São Paulo é o estado que aparece em primeiro lugar no ranking de mortes, com 50 casos, (15,2%), seguido da Bahia, com 32 ocorrências (9,73%) e Pernambuco com 26 casos (7,9%). No outro extremo, os estados menos violentos foram Acre, Amapá e Mato Grosso do Sul, com 1 morte violenta. As capitais mais violentas foram Salvador (12 casos), São Paulo (11), Rio de Janeiro (7), Belo Horizonte e Fortaleza (6), Curitiba e Recife (5).
Em 2019, o Governo Federal comemorou a redução em 19% no número de homicídios no país vis-à-vis 2018, observando-se a mesma tendência no segmento LGBT+, quando morreram menos 91 pessoas em relação aos 420 casos de 2018, contra 329, em 2019, a queda de mortes chega a 21,67%, tendência confirmada igualmente pela Associação Nacional de Trans, que apontou uma queda de 24% de mortes face ao ano anterior (MARTINELLI, 2020).
Fonte Grupo Gay da Bahia
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