Uma das duas únicas candidatas transexuais a prefeituras no Brasil nas eleições municipais do ano passado era da cidade de Viçosa (MG). Brenda Santunioni concorreu pelo Patriota. Durante a corrida eleitoral em 2020, a repórter Nathalia Tavolieri a acompanhou por uma semana.
Brenda é transexual, mas as pautas LGBTQIA+ não eram sua prioridade. Em seu plano de governo não haviam propostas específicas para a comunidade. Diz que não queria ser tachada como trans — “é uma condição que só me atrapalha” —, mas sim como mulher na política. Ela se candidatou por um partido conservador.
Durante uma panfletagem, a equipe do Profissão Repórter registrou um debate acalorado entre Brenda e um eleitor. Ele protestava contra o fato dela ter se candidatado por um partido conservador e estar se afastando “das pautas da transfobia, da homofobia”.
“Seria mais cômodo estar em um partido que ‘me aceita’, mas na hora de ser candidata a protagonista, eles não me quiseram. Então, que aceitação é essa? Eu com toda a visibilidade que tenho na cidade”, diz.
Questionada por Caco Barcellos sobre a relevância de sua condição de mulher trans em seus propósitos na política, ela afirmou:
“Nenhuma. Isso é uma condição que só me atrapalha, só me prende, não me faz ir para frente. O que eu não posso é ser taxada como uma mulher transexual. Eu tenho que ser taxada como uma boa vereadora, uma boa comunicadora. Ninguém perguntou para a outra candidata mulher que tinha na campanha se ela era hetero. Por que vai perguntar se eu sou trans? É invasão de privacidade”
Brenda terminou a eleição com 1.228 votos, na penúltima colocação. Perguntada por que teve poucos votos, disse que faltou estrutura. “Fui abandonada por quem me prometeu estrutura. Nós não tínhamos capilaridade para chegar a todas as casa”, explica.
Samael Comunicação Digital
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